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Publicação da RCM n.º 41/2006

 

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segunda-feira, outubro 30, 2006

Repensar o ordenamento do território num ambiente Mixed Use

In Jornal Público – Economia, 23 de Outubro de 2006, pág. 38

Inês Vilhena da Cunha e Catarina Selada*

“Numa altura em que se discute o Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território e a segunda geração de PDM, há que repensar o ordenamento do território. Um conceito inovador de ambiente mixed use pode ser uma resposta às novas necessidades.”





O mundo está a mudar. Esta dinâmica de desenvolvimento tecnológico, económico e social não deixa de apresentar hesitações, tensões e contradições. Ao conceito de ‘economia baseada no conhecimento’, que enfatiza a mudança técnica e a inovação, alia-se a noção de ‘sociedade do risco’, apelando a um maior controlo social das tecnologias. Por seu lado, os movimentos de globalização e afirmação das tecnologias de informação e comunicação, abrindo novas perspectivas de articulação entre pessoas, organizações e regiões, convivem com a territorialidade e a diversidade dos locais, marcados pela dependência histórica e especificidades institucionais.

Esta sociedade cada vez mais dinâmica e complexa altera a percepção dos indivíduos sobre os conceitos de ‘tempo’ e de ‘espaço’, atenuando as barreiras entre o físico e o virtual, o económico e o social, o cultural e o profissional.

As disciplinas rompem os limites tradicionais e emergem novas tecnologias como a bio-informática. As universidades deixam de ser as arenas privilegiadas da produção do conhecimento, estando o saber cada vez mais distribuído por uma ampla gama de actores.

O público mistura-se com o privado e esbatem-se as fronteiras entre o Estado e a sociedade civil. As ocupações intersectam-se e a classe criativa passa a incluir artistas, cientistas, engenheiros e tecnólogos. O carácter híbrido da sociedade vem, assim, modificar os comportamentos e os modos de vida, os ambientes onde habitam, trabalham, aprendem e interagem os cidadãos.


Daí que estas mudanças tenham implicações significativas na dinâmica dos “lugares”, na organização das cidades, no planeamento urbano e no ordenamento do território, exigindo novas políticas, novas estratégias e novos protagonistas.

Conceito Inovador de Mixed use

Apesar de não ser novo e de comportar ainda um certo grau de ambiguidade, apresentando mesmo diversas limitações, o conceito de ‘ambiente mixed use’ pode ser um dos ingredientes de uma abordagem inovadora à interpretação do espaço e ao lançamento de novas intervenções sobre o território.

Nesta perspectiva, um bairro, uma cidade ou uma região deixam de representar apenas um ambiente físico, reflectido na localização, no clima, na arquitectura, na construção, nas infra-estruturas, nos equipamentos ou nos usos de solo.

Com o espaço tangível interagem ambientes diversos que se interpenetram entre si: o ambiente social, associado às pessoas, às interacções e às emoções; o ambiente cognitivo, palco privilegiado da produção de conhecimento e da expressão da criatividade; ou o ambiente digital, espaço de conectividade e integração de fluxos de informação, pessoas, bens e serviços.

Em consequência, uma “cultura funcional” tradicional onde prevalece uma rígida separação entre as diversas funções urbanas, dá lugar a um novo conceito de espaço que passa a compreender uma cada vez maior variedade, diversidade e integração de usos: residencial, comercial, recreativo, de aprendizagem, de saúde, empresarial, industrial.

Esta lógica pode ser vista segundo três dimensões. A dimensão horizontal corresponde à concentração e disposição de variadas funções urbanas ao longo de uma dada superfície territorial (cidade, distrito ou bairro), onde poderão coexistir espaços residenciais, recreativos ou empresariais.

Em termos verticais, esta distribuição é feita em altura, incluindo a área subterrânea, dando origem à coabitação no mesmo edifício de diferentes usos, como comércio, centros de congressos, escolas, espaço público.

A dimensão temporal traduz- se na utilização do mesmo espaço para diferentes funções consoante as horas do dia, os dias da semana, do mês ou do ano. Como exemplo temos uma escola que durante o dia é utilizada como espaço de aprendizagem e à noite como ambiente recreativo para a comunidade local. Ou ainda, uma cidade a funcionar de forma contínua de dia e de noite, onde as ruas assumem um papel crucial enquanto espaços de partilha de usos entre trabalhadores, boémios ou artistas. Em suma, o mixed use traduz-se na manifestação física dos novos estilos de vida, ambições e aspirações da sociedade e dos cidadãos.

Ambientes deste tipo, onde se cruzam estas diferentes dimensões, podem ser observados em todo o mundo: Singapura no “One North”, EUA no “Stata Center”, Japão no “Canal City Hakata” ou no “Namba Parks”, China no “Hangzhou Lakeshore Redevelopment” ou Polónia no “Zlote Tarasy”.

O desenvolvimento de ambientes mixed use apresenta benefícios significativos. A promoção da equidade social e da qualidade ambiental, com o fomento da segurança e a diminuição da poluição, são algumas das vantagens reconhecidas. A elas aliamse questões relevantes em matéria de mobilidade, como a redução da necessidade de deslocações, o incremento da utilização dos transportes públicos e de formas alternativas de transporte (percursos pedonais, sistema de partilha de bicicletas, car sharing) e uma menor dependência do automóvel.

Mas o carácter distintivo destes espaços urbanos situa-se na facilitação da interacção entre pessoas, actividades, organizações e “lugares”, promovendo uma maior vitalidade económica, cultural e cognitiva. Ou seja, estimulando a capacidade de geração de conhecimento, a criatividade e o espírito de inovação.

A atractividade dos ambientes mixed use também se revela na qualidade de vida e na diversidade, marcada por uma elevada heterogeneidade social, étnica e religiosa e pela abertura a novas ideias, potenciando a captação de talentos, empreendedores, empresas e investidores. Por último, importa assinalar a criação de uma identidade/ autenticidade própria do ambiente urbano, promotora de uma relação especial entre a comunidade local e o seu território.

Mixed use na Política de Cidades

Com o Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT) em período de discussão pública, Portugal tem em mãos a decisão sobre o que quer para o futuro do ordenamento do território nacional. Este é então o momento certo para repensar a legislação em matéria do ordenamento do território, no sentido de a flexibilizar, agilizar e adequar às novas necessidades, de forma a que esta não constitua um factor inibidor do desenvolvimento sustentável do território nacional, contrariando o objectivo de tornar Portugal mais competitivo.

Em alinhamento com uma visão estratégica para o território, uma atitude inovadora passará por facilitar e estimular o desenvolvimento de uma cultura mixed use, ultrapassando a lógica monofuncional de distribuição disjunta de usos territoriais e passando a coordenar as dimensões horizontal, vertical e temporal no zonamento das funções urbanas. Trata-se, afinal, de uma reformulação da abordagem do “fazer cidade”.

Este facto é tanto mais importante quando numa fase em que se encontra em elaboração a segunda geração dos Planos Directores Municipais (PDM), a regulamentação em vigor, os interesses imobiliários e as forças económicas e culturais adversas continuam a privilegiar uma perspectiva estanque e restritiva, não abrindo espaço a uma lógica mixed use.





O caso do Stata Center

O Stata Center, localizado no campus universitário do MIT, no Massachusetts (Leste dos Estados Unidos), foi projectado pelo arquitecto Frank Gehry com vista a criar um ambiente para as pessoas trabalharem, viverem, interagirem e aprenderem num espaço único.

Este objectivo é atingido através da interacção de várias disciplinas e pela coexistência de diferentes centros: Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory, Laboratory for Information and Decision Systems e Department of Linguistics and Philosophy.

No mesmo espaço convivem também funções diversas: salas de aula, espaços laboratoriais flexíveis, grandes auditórios, áreas sociais, centro desportivo, centro infantil.


* Colaboração INTELI – Inteligência em Inovação)


publicado por Ad Urbem ás 5:25 da tarde

 

 

 

 

1 Comments:

Anonymous Marco Oliveira disse...

O Distrito Federal se prepara para mais um lançamento com a tendência Mixed Use,
assinado pela gripe Brookfield Incorporações o empreendimento tem localização
privilegiada como um dos seus pontos fortes, junto ao novo centro administrativo do GDF contará com
uma circulação diária de mais de 25 mil pessoas. O empreendimento terá 3 torres
com 26 pavimentos cada, sendo 832 salas comerciais e 425 apartamentos residenciais
com serviço além de área de lazer entregue equipada e decorada.
Venha investir neste novo case de sucesso em Taguatinga / DF
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